quarta-feira, 12 de agosto de 2009
(HOMO- HÉTERO, BI, TRANS) SEXUALIDADE E A PSICOLOGIA
Tenho acompanhado o desenrolar dos fatos envolvendo a psicóloga Rozangela Alves Justino, punida em 31/7 pelo Conselho Federal de Psicologia (foi condenada à censura pública) por oferecer terapia para curar a homossexualidade.
Penso que a prezada colega tenha sim, ferido o código de ética profissional, uma vez que permitiu que seus preconceitos inundassem sua percepção. E também ignorou que orientação sexual não é sinônimo de doença ou garantia de saúde. Caso assim fosse, se a heterossexualidade fosse garantia de saúde não teríamos tantas mulheres estupradas, espancadas, tantos homens doentes e perversos e tantas crianças vítimas de pais abusadores e cruéis.
A desculpa por ela utilizada que muitas pessoas gostariam de mudar de orientação sexual não é válida. Em algum momento ela perguntou o por que desse desejo? A resposta é simples: o mundo ainda é suficientemente machista, preconceituoso e hipócrita em relação à sexualidade. E justamente por ser assim, há violência psicológica, física e social contra homossexuais. Logo, parece ser quase natural que alguém não queira ser canhoto em um mundo para destros.
Parece natural, mas não é! Quando alguém chega até um consultório de psicologia, esse alguém carrega um sofrimento, dúvida e se encontra fragilizado. E ao invés de propor que as questões angustiantes que normalmente acompanham essa pessoa, Rozangela preferiu permitir que seus preconceitos e sentimentos contaminassem seu acolhimento e com isso, perdesse de foco o ser humano.
Aprendemos durante nossa formação como psicólogos a não permitir que nossas opiniões se sobressaiam às necessidades dos nossos pacientes.
Pelo visto, a colega precisará rever sua própria análise pessoal e compreender sua própria aversão à homossexualidade. Essa aversão tem um nome: é homofobia e é ódio. Logo, é um sentimento inadequado em qualquer relação, especificamente a relação terapêutica.
Curiosamente, nestes dias, vi uma entrevista de Ney Matogrosso. Famoso por sua exuberância e talento, ele afirmou não desejar ser um estandarte gay, uma vez que sua orientação é apenas um detalhe de sua pessoa e que há muitos outros problemas que todos nós, qualquer que seja nosso sexo, idade, classe social ou orientação sexual: os problemas ambientais. Talvez seja hora de sermos menos mesquinhos e mais humanos!
Ψ Psicólogo: José Carlos da Costa Ψ
CRP 06/75153
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Um comentário:
Um assunto tão atual e polemico merece mesmo um destaque e reflexão, devido sua complexidade. Porem tanto a punição da psicóloga quanto o preconceito ao homossexualismo, pra mim , não representam avanço no processo de desenvolvimento dos seres humanos. Isso por causa da VERDADE. Foi em nome da VERDADE que politicos arregimentaram exercitos contra seus inimigos a fim de sujeita-los às suas ordenanças. Foi em nome dessa mesma VERDADE, que Hitler chassinou, segundo a história, milhões de judeus. Foi em nome da VERDADE que a igreja fez guerra a seus opositores, em nome de Deus, querendo mostrar quem estava com a razão, e em nome da VERDADE grande amigos e casamentos, se acabam tão depressa. Acredito que chegará o dia em que este FENôMENO SOCIAL,segundo DURKHEIN, o homossexualismo, encontrará seu espaço definido e proprio, perante esta sociedade. Nossa sociedade é representada ainda hoje,como nos tempos de Durkhein, formas de pensar, agir e sentir, coletivamente, que impõem aos individuos seus habitos, crenças, costumes e exercem ou podem exercer coersão sobre eles. Quando Marx dizia que a religião era o ópio do povo, isso não fez com que a religião se acabasse. Pelo contrario, traria uma dignidade ainda maior por se tratar de um campo que era capaz de viver um ideal imaginário, melhor que a friezas dos cientistas. Contudo tanto a busca da religião pela vida ideal, quanto a busca dos homossexuais por seus ideais, refletem apenas o tamanho do vazio que há dentro dos seres humanos em dar sentido para suas vidas.
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